
Yangon – no mundo de Buda
Yangon é a maior cidade de Myanmar e antiga capital. Antes chamado de Birmânia, a ditadura militar que governou mudou o nome e isolou o país por mais de 40 anos. Se abriu ao mundo em 2013 e todo esse tempo isolado fez dele um lugar especial.
Ir para Myanmar é um pouco como viajar no tempo. Um país atrasado na estrutura mas feliz por deslumbrar um futuro com esperança.

Viajar por Myanmar é caro, o governo controla os hotéis onde estrangeiros podem se hospedar e os preços são bem acima do praticado pelo sudeste asiático. Considerando que eu estava vindo da Índia então é muito caro.
Por isso viajamos juntos, eu e o Miquel, dividindo os gastos ficaria mais barato.
Shwedagon Pagoda

Um dos aspectos mais marcantes de Myanmar é a religiosidade do seu povo.
De maioria budista e com uma história muito rica, Myanmar possui alguns dos mais impressionantes templos budistas do mundo.
Sem dúvida Shwedagon Pagoda é o mais incrível de Yangon.

Dizem que foi construído 600 anos a.c. pelo rei Okkalapa mas há controvérsias. Outros alegam que foi no século VI sendo ampliado por reis posteriormente. O tamanho e forma atuais foram finalizados no século XVIII. Reza a lenda que ali estão relíquias como fios de cabelo e pegadas do próprio Sidarta Gautama.


O templo é composto de centenas de pequenas pagodas, templos internos e uma pagoda principal imensa. Essa pagoda possui cerca de 100 metros de altura e é folhada a ouro.
No seu topo um tipo de guarda chuva com 13 metros de altura feito de ouro pesando 500 kilos prende 4 mil sinos de ouro mais de 83 mil pedras preciosas, uma esfera com mais 4 mil diamantes e ainda um catavento de ouro pesando 400 kilos! Rapaz acho que o Buda não ia querer torrar tanto dinheiro nisso não!

É repleto de relíquias e outras imagens de buda com um Buda de Jade
O templo tem 4 entradas, norte, sul, leste e oeste e cada uma delas é única na sua construção. Só é permitido a entrada descalço e com os ombros e joelhos cobertos.

Fui com o Miquel e a Mischa que conhecemos no hostel. Eu e o Miquel esquecemos do detalhe da vestimenta e para entrar resolvemos comprar um Longyi, tipo uma saia que homens e mulheres usam no Myanmar. Passamos a manhã no lugar, a Mischa voltou para o hostel logo e eu e o Miquel almoçamos numa barraquinha na rua.

Fomos com os nossos longyi achando que estávamos arrasando e o engraçado é que o povo começou a tirar sarro da nossa cara! Apontavam para a gente e davam risada. Não entendi se era só o fato de estrangeiros estarem de saia ou era que a gente tava ridículo mesmo.



Como o ingresso dá direito ao dia inteiro decidi voltar ao templo para apreciar melhor. Na minha volta decidi explorar o outro lado do templo e saí na rua pelo portão leste.

Descalço, caminhando pela rua vejo outro templo que infelizmente não encontrei o nome e dentro um buda enorme também folhado a ouro.

Maha Wizaya

Um outro templo que chama muito a atenção na região da Shwedagon Pagoda é o Maha Wizaya. Bem mais recente, foi construído em 1980 para comemorar a unificação do budismo Theravada no país mas o que chama a atenção é a beleza do seu interior.
Internamente ele é uma representação linda da floresta onde Buda obteve a iluminação.

Externamente também tem uma arquitetura muita bonita.
Ainda deu tempo de voltar a Shwedagon Pagoda e assistir o ritual diário de varredura do templo.

Linha de trem circular de Yangon

Um dos passeios recomendados em Yangon é com a linha circular de trem. Saindo próximo ao centro ela contorna a capital e pelas suas janelas e mesmo dentro do trem é possível entender um pouquinho do que é Yangon e Myanmar.

Descemos no Inya Lake que é um lago imenso e ponto de lazer da população local. Almoçamos lá e depois pegamos novamente o trem.


Pela janela do trem conforme se afasta da capital a paisagem vai mudando com plantações e as pessoas trabalhando na lavoura.

Dentro do trem também tem vários vendedores de frutas, amendoim, eletrônicos chineses e outros badulaques.
https://www.youtube.com/watch?v=0Asqv5j1Q_4
É várias estações também são verdadeiras feiras que vendem de tudo. É um bom passeio e muito barato por ser uma linha comum, para uma espiada na vida do povo de Myanmar.

Lago Kandawgyi
Após o rolê de trem ainda deu tempo de irmos até o Lago Kandawgyi apreciar um pôr do sol. É um belo lugar e com vistas panorâmicas maravilhosas, incluindo a onipresente Shwedagon Pagoda e também do lindo Karaweik Palace um restaurante na beira do lago com shows para turistas.



Chinatown
Ficamos próximos ao centro de Yangon, pertinho da Chinatown. Diferente de outras Chinatown que têm mundo afora essa é bem real. Nada de enfeitinhos chineses, templos super ornados.
Aqui é raiz. Banca de frutas pra todo lado, quinquilharias, frituras, lixo jogado no chão, bequinhos estreitos e as ruas cheias. Enfim muito mais legal!
Uma curiosidade é sobre os garçons em Myanmar. Para chamá-los ao invés de um aceno ou uma palavra específica o certo aqui é fazer aquele som de guiar cavalo. Aquele fazendo um biquinho e tudo. É muito bizarro.

Outra coisa muito estranha nesse país é que os carros tem a mão inglesa, ficam do lado direito, porém as ruas não. A mão das ruas é igual as nossas!
É muito estranho! Parecem que eles tão guiando na contramão ou o carro tá no país errado!
Vale a pena conhecer Yangon
A maioria das pessoas que visitam Myanmar entram por Yangon e vi muita gente reclamando da cidade, como sendo suja e feia. Não achei nada disso.
É uma cidade grande e como todas tem lugares meio sujos, costumes um tanto estranhos mas fascinantes. Como a mania dos homens de mascar noz de areca e cuspir no chão deixando manchas vermelhas pela cidade e um sorriso de vampiro que acabou de chupar sangue de alguém.

Outro costume difundido pelo país é de as mulheres usarem Tanaka uma pasta de pó de arvore no rosto que parece uma lama e dizem ser bom para proteger a pele.
Por essas e outras essa cidade é fundamental para entender o que está acontecendo em Myanmar nessa transição de uma ditadura que isolou o país para uma modernização á la China.
Ao mesmo tempo que se vê a tecnologia entrando na vida da população e a abertura do país parece que muita coisa parou no tempo por aqui. Não que isso seja de todo ruim, porém a população quer mudanças, quer avanços.
E esse povo simpático e hospitaleiro merece um novo recomeço.

