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Singapura – a burguesinha asiática

Singapura
Singapura

Singapura é um país cidade. Ou uma cidade país. É tão pequenininha que em um dia você cruza o país inteiro.

Mas numa dessas coisas que desafia os conceitos, esse país minúsculo virou referência na Ásia. Ficou rico e próspero. Isso em pouco mais de 50 anos.

Singapura foi parte do Império Britânico, depois se uniu a Malásia na independência mas em 1965 ficou totalmente independente. Um dos mais importantes centros financeiros do mundo nos últimos anos também tem se esforçado para se tornar um destacado destino turístico. E de certa forma conseguiu.

Eu tinha curiosidade para conhecer Singapura talvez por ser um país meio fora da curva na Ásia. O país ganhou fama de ter leis rígidas para assuntos banais como jogar lixo no chão e comer fruta no metrô. E leis extremamente rígidas para assuntos sérios como tráfico de drogas que dá pena de morte na ilha. Um país extremamente organizado, limpo e rico na Ásia. Parece mais com um país do norte da Europa do que da geralmente caótica Ásia.

Little India

Little India
Índia pero no mucho

Eu fiquei na Little India. Depois de rodar um mês pela Índia ficar nesse bairro foi um tanto estranho. Nada menos indiano que essa Little India. Nada de lixo no chão, nada de barulho, nada de buzina, nada de vaca. Quer dizer vaca até achei.

Little India
Para provar que é um bairro indiano olha a vaca aí. É de papelão mas tá valendo

O bairro parece mais uma atração dentro da Disney que simula os países. Tem as cores da Índia, tem comida da Índia, templos hindus, tem indianos mas parece falso. Para quem tinha mochilado pela Índia foi meio estranho.

Templo hindu na Little India
Templo hindu na Little India

Chinatown

Feirinha em Chinatown, Singapura
Feirinha em Chinatown

A mesma coisa acontece com a Chinatown. Parece com a China, tem comida chinesa, tem chinês mas parece falso. O excesso de cuidado e de regras parece que tira a autenticidade das coisas. Não que isso seja um problema para os turistas. Principalmente o turista consumidor. Aquela pessoa que viaja não para conhecer o lugar como ele é e sim para conhecer um lugar feito para ele turista.

Chinatown Singapura
Lindíssimo telhado em templo budista de Chinatown
Templo Singapura
Assim como em outros templos budistas esse alega ter um dente de Buda. Pelo o que eu vi na Ásia Buda deveria tem uns 50 metros de cabelo e uns 87 dentes, kk
Templo Budista de Singapura
Esse foi um dos lugares que mais gostei em Singapura, um templo rico em detalhes, de arquitetura chinesa e impecável. Vale muito a visita

Um lugar seguro, limpo e bonito pois afinal de contas ele está gastando o dinheiro dele e não quer ir a algum lugar mal conservado, sujo, com pedintes. Ele vê tudo como uma atração e deseja que os lugares atendam a expectativa dele e não como o lugar é. Acho que eu estou fazendo isso agora mesmo só que de outra perspectiva. Tá vendo como é ruim?

Marina Bay Sands

Singapura
O impressionante Marina Bay Sands, o museu ArtScience, o campo de futebol flutuante e o skyline do centro financeiro. Nada mal hein?

O point da cidade sem dúvidas é a Marina Bay. Apesar de rica Singapura não tinha muito apelo turístico. Então resolveram aterrar uma área marítima, a Marina Bay, em frente ao centro financeiro da cidade e ali transformar o próprio hotel em atração da cidade-país.

Esplanade Theaters na Marina Bay
O teatro Esplanade na Marina Bay. No formato da Durian, a fruta fedorenta que dá multa para quem comer no metrô
Marina Bay Singapura
Posando de galã na Marina Bay

Assim levantaram três arranha-céus com uma piscina de borda infinita na cobertura, cassino, shoppings e um museu ao lado. Rapidamente o lugar caiu no gosto dos turistas e sem perder tempo foram sendo criadas várias atrações na área como o Gardens by the Bay, o estádio de futebol flutuante, novos museus, restaurantes, teatros. Virou um centro turístico impecável.

Gardens by the Bay

Gardens by the Bay
As árvores gigantes do Gardens by the Bay

Atrás do Marina Bay Sands fica o Gardens by the Bay, um parque modernoso onde árvores artificias gigantes marcam a paisagem. O legal é que ele é gratuito cobrando algumas atrações à parte. A noite ainda tem um show de luzes bacanudo nas árvores gigantes.

Gardens by the Bay
É possível fazer um tour pelas passarelas entre as árvores. Na verdade são jardins verticais em forma de árvore. Foi um modo muito original e inteligente de dar uma identidade única para um parque
Lembra do Urso do cabelo duro? hehe
Gardens by the Bay
Entre as alamedas é possível encontrar obras de arte como essa do artista plástico Marc Quinn. O bebê parece que está flutuando
Gardens by the Bay
Com certeza um dos pontos altos de Singapura. Uma aula de como criar uma atração turística original e ao mesmo tempo concebida para ser uma aula de ecologia. Sensacional

Também fui jantar na Arab Street, a região árabe de Singapura e apesar da boa comida me passou a mesma sensação fake da Little India.

Outro dia resolvi sair caminhando pela cidade sem rumo definido. Saí da Little India, passei pela Arab Street, parei para uma cervejinha no Clarke Quay, passei pela parte financeira da cidade e quando vi já tava na Marina Bay de novo. Essa concentração de points faz de Singapura uma parada perfeita para um stopover para quem está viajando pela Ásia.

Clarke Quay
Clarke Quay

Para se locomover o ideal é o metrô. Rápido, seguro e limpo. O mais moderno e bem sinalizado que conheci. Tudo escrito em 3 línguas: inglês, malaio e chinês.

Metrô de Singapura
O melhor metrô do mundo

Uma coisa obrigatória a se fazer em Singapura é ir até uma das muitas praças de alimentação para onde moveram todas as barracas de rua. Comer na rua é um hábito asiático. Todos os países que visitei é comum as barraquinhas fazendo todo tipo de comida na rua. É uma tradição. Mas Singapura cismou de mexer nisso também e acabou com a comida de rua no país. Então criou praças de alimentação, com estrutura, banheiro, segurança e controle sanitário dos stands de comida.

Maxwell Food Center. Uma das muitas praças de alimentação que o governo criou e para onde moveu todas as barraquinhas de rua do país. A mistura de raças que formaram o país fez com que ele fosse um dos melhores para quem curte gastronomia e essas praças são de longe o melhor. Comida barata, gostosa, sem frescuras e diversificada. Foto: Singapore Tourism

Provei o prato nacional, Hainanese chicken rice.  Eu fui ao Maxwell Food Center perto de Chinatown que é muito boa, frequentada por turistas e locais. O bom dessas praças é que te dá várias opções no mesmo lugar.

Singapura
Do tempo onde crianças nadavam nas águas poluídas do rio Singapura só ficaram lembranças e essa estátua de homenagem

Para o turista de férias que quer paz e sossego, preocupado em correr contra o tempo para ver as atrações Singapura é perfeita. Segura, limpa, organizada, pontos turísticos concentrados.

Muita gente vende Singapura como a porta de entrada da Ásia que apresenta uma prévia de outros lugares. Esqueça essa besteira pois ela faz isso muito mal. Singapura é um país muito novo que encontrou com muito sucesso o caminho para seu desenvolvimento mas ainda carece de uma identidade própria. Mas eles ainda vão chegar lá. Boas idéias eles tem de monte.