Barcelona – Gaudí, inspiração divina
Para Barcelona fui de Blablacar, um serviço de carona paga que dá pra economizar uma bela grana.
É barato, prático, mais rápido e mais confortável que ônibus. O cara me deixou numa estação de metrô e eu fui direto pro meu hostel.
Las Ramblas
Não tinha noção que era nas famosas Las Ramblas. E foi sair do metrô que eu saquei aquelas ramblas logo de cara. Baita armadilha para turista.
As ramblas não passam de uma rua que vai da praça Catalunya até o porto onde fica a estátua de Colombo.
É como um calçadão de praia do Brasil, ladeado por prédios. E como em todo lugar do mundo onde tem concentração de turista tem malandro.
E eu precisei de 5 minutos andando nas Ramblas pra ver uns sujeitos suspeitíssimos.
Pra confirmar que não era paranóia de brasileiro, quando tava fazendo check in no meu hostel começa uma confusão bem na recepção.
Uns russos alegavam que pegaram um cara mexendo nas coisas deles. E esse cara não estava hospedado no hostel.
Como os ânimos estavam mais exaltados, com o cara gritando com os russos e com o gerente do hostel, entra um polícia civil e já vai enquadrando o cara que ficou pianinho.
Isso tudo durante o meu check in. O cara que me atendeu tava com medo e não sabia se me atendia ou se se escondia atrás do balcão.
Pior que já tinham descontado o pagamento no meu cartão e não era reembolsável. Então entre tentar brigar para reembolso com mais uma empresa além da aérea que perdeu minha mala e o meu seguro, catei minhas coisas e fiquei nesse hostel de merda mesmo.
Chego no quarto e tem um cara estranho dormindo e eram umas 5 da tarde. Acordou, viu que eu tava procurando uma cama e me indicou as vazias.
Era de Nápoles. Mafioso! Durante toda a minha estadia esse maluco nunca saía de dia, só de noite e ainda com um cavaquinho embaixo do braço. Muito estranho.
Depois conversando com ele, me falou que tava tentando morar em Barcelona, viver de canto, mas que tava difícil arrumar emprego e onde morar pois é uma cidade cara.
Bairro Gótico
A noite fiz um tour no bairro que estava, o bairro gótico. É o bairro mais antigo da cidade e ainda guarda ruínas romanas, igreja góticas e muitas vielas. Muito bacana.
Sagrada Família
Manhã seguinte decidi ir ao principal ponto turístico da Espanha. A basílica da Sagrada Família.
Projetada pelo arquiteto Antoni Gaudí e ainda incompleta apesar de seus mais de 100 anos de construção. Seu projeto possui 3 fachadas, 18 torres a mais alta com 170 metros de altura.
É uma verdadeira obra prima da arquitetura mundial e seu término está previsto para 2026, centenário da morte de Gaudí.
Quando fui vendo a igreja de longe, já fui ficando impressionado e emocionado com a fachada. É monumental e diferente de tudo o que já foi feito.
Cheguei meio tarde, eram umas 10 e tive que aguardar até as 13 para entrar. Nesse meio tempo li tudo sobre a igreja, baixei um áudio guia e tirei um monte de fotos das fachadas.
Estava preparado para conhecer a Sagrada Família. Ledo engano, quando entrei na igreja pela fachada da Natividade e olhei o altar, as abóbadas lá no alto, as colunas que se abrem como galhos de árvores e o colorido dos vitrais que invadem a nave da igreja refletindo cor por todos os lados, fiquei pasmo e chorei.
Foi um momento indescritível, pois tudo aquilo é sublime. Não parece feito por seres humanos e ao mesmo tempo é tão familiar.
A nave interna da igreja é como um bosque, no altar central está Jesus crucificado, ao seu lado direito São José e no esquerdo a Virgem Maria.
Toda a Sagrada Família é feita para contar a história de Jesus, do nascimento à ressurreição, e nada, absolutamente nada naquela igreja está ali à toa.
Cada pedra faz parte de um todo. Uma obra de arte em forma de igreja como nunca se viu. Quando estiver pronta em 2026 voltarei para aprecia-la finalizada, com absoluta certeza.
Passei o dia na Sagrada Família e a noite nem quis fazer nada, só comi e fui dormir pra assimilar tudo aquilo.
Detalhes das Fachadas
Palácio da Música Catalã, Eixample, Casa Batló
Depois do impacto da Sagrada Família, eu decidi que Barcelona, mais do que qualquer cidade, merecia um tour arquitetônico.
Por isso fui ao Palácio da música catalã, outra obra prima do modernismo catalão. Rodei pelo Eixample, bairro projetado no final do século XIX e que guarda as principais obras do modernismo catalão, incluindo a La Pedrera e a casa Batló de Gaudí.
Barceloneta, Parc de la Ciutadella, El Raval
Também fui à praia, com sua orla super moderna e mulheres com peitinho de fora. E no dia seguinte fui ao lindo Parc de la Ciutadella e um rolezinho pelo bairro El Raval.
Quando cruzei os Lençóis Maranhenses, conheci um francês muito gente fina, o Laurent.
Quando ele viu pelo Facebook que eu estava em Barcelona me convidou para ir até a casa dele em Perpignan na França, que fica na fronteira.
Já tava tudo acertado para eu ir pra lá dia 18 de setembro, pois ele tava viajando e chegaria nesse dia.
Acontece que ele resolveu o que tinha pra fazer e chegaria antes e resolveu dormir uma noite em Barcelona.
Ele chegou meio tarde e fomos tomar umas brejas. Barcelona, e me parece que todas as cidades européias, não tem um point como estamos acostumados no Brasil.
Eles tem muitos, mais muitos bares e as pessoas se espalham por eles nunca ficando como na Vila Madalena por exemplo, com as ruas lotadas de gente.
Além disso, aqui tem um controle rígido de venda de bebidas, quando dá 2 horas da madrugada todos os bares fecham, só danceterias podem ficar abertas.
Então ficamos rodando feito barata tonta, procurando um lugar cheio, barato, onde as pessoas sejam loucas, o lugar do caralho! E não encontramos.
Acabamos comprando breja de uns camelôs que andam com elas na mão. Senti saudade dos camelôs brasileiros e seus isopores gigantes carregados de breja gelada.
Dali a pouco o Laurent cismou de tomar um absinto. Falou que era muito bom, que na França já tomou até o original que hoje é proibido.
Ele conhecia um bar francês que vendia, o normal, não o proibido, só que estava fechado. O cara do bar do lado falou de um outro, do outro lado das ramblas, e vou falar pra vocês que aquele lado é a bocada de Barcelona.
Ruazinhas sinistras e escuras. Entramos no Marselha, o tal bar francês e já tinham todo o esquema pro Absinto. A dose na taça, o açúcar em pedra, um garfinho e não sei pra quê, água.
O Laurent me falou que na França servem numa concha, você põe o açúcar, taca fogo e depois bebe. Eu tentei fazer isso com o açúcar e o garfinho que deram pra gente e até que pegou fogo, mas não pareceu diminuir o álcool que é o objetivo.
Tacamos a água no Absinto, tomamos e voltamos para a praça onde estávamos para beber mais cerveja morna de camelô.
Parc de Montjuïc
Dia seguinte acordei de ressaca e perdi o café da manhã. À tarde fui no parque Montjiuc, mais um lugar fantástico em Barcelona. É um parque, tem um museu num edifício fantástico e a noite a fonte mágica.
https://www.youtube.com/watch?v=Gr6l-AuxEQc&feature=youtu.be
Parque Guell
Pra fechar minha estadia em Barcelona, fui ao parque Guell. Também do Gaudí.
Esse parque foi um empreendimento fracassado do rico magnata Guell, que pretendia criar um condomínio residencial nessa colina em Barcelona.
Para isso contratou Gaudí para projetar o condomínio e ele fez isso de forma sublime. O problema é que a burguesia de Barcelona à época achava o lugar muito longe e tudo fracassou.
A prefeitura resolveu comprar o terreno, mantendo o projeto de Gaudí e transformou o local num parque.
Tava chegando minha hora de ir embora e não tava com vontade nenhuma, Barcelona é uma cidade fantástica, com arquitetura maravilhosa, noite animada, uma cidade pulsante e até um temperinho de perigo, porque tudo que é perfeito é muito chato!
Barcelona, taí um lugar que eu gostaria de viver!
Próxima parada: Perpignan