Mandalay – cobrindo o Buda de ouro
Depois dos dias de pura diversão em Bagan eu e o Miquel decidimos ir de barco até Mandalay. Após a viagem horrível de van uma viagem deslizando suavemente pelo rio parecia uma boa pedida.
Pegamos o barco de madrugada, tipo cruzeiro mas bem mais simples e que para passar só o dia tava ótimo. Tem até barcos luxuosos com cabine que seguem por várias cidades.
Eu sempre digo que a vantagem de viajar de barco é que também vira um passeio agradável. Eu adoro viajar de barco e essa foi uma viagem ótima.
Chegando em Mandalay fomos a pé até o hotel encontrar nossos amigos Jason e Mischa e ainda saímos a noite para tomar uma cerveja. Ficamos no centro de Mandalay, próximo ao palácio real que é uma boa região para ficar com vários bares e muitos tuk tuk, táxi e podendo ir a pé para várias partes da cidade.
Dia seguinte resolvemos ir até o principal templo da cidade o Mahamuni. Como gostamos de explorar o lugar estávamos indo a pé. E daí do nada aparece uma carreata, fazendo um certo barulho o pessoal passava todo feliz, acenando.
Para um desses o Miquel perguntou o que era aquilo e um cara na carroceria de um caminhãozinho cheio de gente nos chamou para subir com eles. O Miquel correu para subir no caminhão sem nem saber o que tava acontecendo e eu fui no embalo. O que disseram é que estavam indo para um casamento no templo Mahamuni mas acho que na verdade era a ordenação de crianças dentro do budismo. A barreira da língua causa certas confusões.
Chegando lá, no próprio estacionamento começou uma festa com música, bonecos, muita gente com roupas típicas. Mas a gente ganhou só a carona mesmo. A festa pelo jeito seria depois e resolvemos visitar o templo.
Templo Mahamuni
Esse templo é um dos mais visitados de Myanmar e existe uma grande peregrinação a ele.
A estátua seria a única representação real de Sidharta Gautama, feita com ele ainda vivo. Posteriormente essa versão foi desmentida por historiadores mas os peregrinos parecem que não estão preocupados com isso.
A estátua na verdade é feita de bronze mas coberta com inúmeras pequenas folhas de ouro que os fiéis (somente homens) colocam na estátua ano após ano, em sinal de devoção máxima.
Na região bem próxima ao templo fica uma rua bem interessante de venda de imagens feita em pedra. Uma série de lojas com as imagens expostas e muitas delas com os artesãos trabalhando nas pedras ali mesmo na calçada.
Palácio Real
O último palácio real de Myamar construído entre 1857 e 1859 quando o rei decidiu elevar Mandalay a capital do país. O palácio é gigante e dei apenas uma passada por ele.
A Mandalay real
Mandalay é uma cidade grande e por isso mesmo não tem como esconder todos os seus problemas. É só caminhar um pouco para você encontrar bairros bem mais pobres, sem aquela maquiagem que o turismo faz. O legal é que nesses bairros também se vê a verdadeira Myanmar.
Uma coisa super curiosa foi ver pessoas tomando banho no meio da rua! Isso mesmo! Em várias esquinas tem um espécie de sala de banho, com um murinho de um metro, um metro e trinta e dentro dele tipo um poço. Igualzinha a que usei para tomar banho no monastério durante o trekking para Inle Lake.
Daí que cada pessoa leva seu sabonete vestida com seu longiy (que é aquela saia que serve para homem e mulher) e tomava banho ali mesmo. Vi até mulher tomando banho assim. Ela ficou meio constrangida quando a gente passou, deve ter sido nossa cara de espanto.
Esse tipo de coisa só é possível explorando o lugar meio sem rumo e estando aberto a ver mais do que os belos cartões postais de cada lugar.
No mesmo espírito, no dia seguinte fui com a Mischa e Jason até uma área de palafitas e num parque de diversões da cidade.
Esse parque era muito engraçado. O parque tinha atrações normais mas as figuras decorativas eram cópias muito mal feitas de personagens ocidentais. Dá uma olhada:
Mandalay foi um bom exemplo que durante uma volta ao mundo é preciso relaxar de querer ver tudo o que tem em cada lugar. Acabei não indo em lugares famosos como a Mandalay Hill e pagodas importantes como Kuthodaw e Sandamuni. É que a sucessão de atrações incríveis é tão grande que você pode acabar indo só para bater cartão e eu não gosto de fazer isso.
Muita gente turistando por Myanmar torce o nariz para Mandalay pela cidade ser meio bagunçada, feiona, meio suja. Mas cada cidade tem que ser o que ela é.
Muito melhor ir a uma cidade e conhecer o que ela é de verdade do que as cidades que escondem suas mazelas numa maquiagem para inglês ver. E como ex colônia britânica acho que o pessoal aqui quer mais é que se dane o que o inglês vai ver ou não.