Inle Lake – beijando cachorro com bafo de rum
Depois do nosso sensacional trekking de Kalaw a Inle lake combinamos de tomar uma à noite para comemorar.
Estávamos em Nyaung Shwe que é o centrinho em Inle Lake.
O pessoal se espalhou na cidade mas eu, o Miquel, a Mischa e o Jason ficamos no mesmo hotel.
Beijando cachorro
A Lianne e Petra não estavam se sentindo bem e não vieram. Começamos a tomar uma e jantar num restaurante. Estávamos lá numa conversa animada regada a cerveja quando o dono do lugar fala que vai fechar.
O quê? São 9 horas! Pois é. Isso é comum em Myanmar. As coisas fecham extremamente cedo lá.
Ninguém tava a fim de voltar para o hotel então saímos caçando um outro bar. Tava tudo fechado já. Mas eis que de repente achamos um barzinho simpático, feito para turista e que fechava mais tarde.
Estávamos lá de boa quando de repente aparece um argentino do nada. Não podia ser bom sinal.
Já chegou falando que bom que tá aberto se podia sentar com a gente. Um moleque inglês chega com ele. E logo depois um cara de bicicleta. O argentino começa a falar que eles estavam fazendo um sarau com fogueira ali perto e queriam tomar uma e não encontravam lugar.
Foi pedindo um rum. Em Myanmar produzem um rum muito bom. Saiu oferecendo para todo mundo, fez uma puta propaganda do rum. Eu experimentei e era bom mesmo. Ele viu que eu gostei e foi logo pedindo uma garrafa! Aí a coisa desandou. Todo mundo começou a tomar o rum mais cerveja e vinho. E esse cara não parava de falar, tinha acabado de tomar um pé na bunda da namorada ou caso que ele arrumou em Myanmar mesmo e não tinha nem onde dormir.
Deu a hora de fechar o bar, os funcionários loucos para irem embora e a gente lá enchendo a cara.
O argentino louco pediu para ligar para a dona porque a gente queria ficar no lugar. Começou a falar que ia pagar hora extra e mais um monte de papo furado. O problema é que culturalmente no sudeste asiático se evita o conflito.
Por mais que eles quisessem ir embora e tivessem todo o direito de expulsar esses ocidentais bebuns de lá, jamais fariam isso. E a gente continuou enchendo a cara. Eu pelo menos fiz isso.
Como já tava bêbado não lembro se no fim ficaram tão de saco cheio que expulsaram a gente ou o Jason que é um cara mais consciente tirou todo mundo do lugar.
Eu já tava bem ruim. Ainda não era nem meia noite mas não tinha uma alma na rua. Tudo fechado. E o pior de tudo é que a gente se perdeu. Não achava o caminho pro hotel. E um monte de cachorro começou a seguir a gente. E o argentino bêbado falando pelos cotovelos e o inglês bêbado e eu bêbado abraçando os cachorros de rua. Eu tava tão ruim que a Mischa no outro dia me disse que eu comecei a explicar o que queria dizer uma música brasileira para ela. Em português!
Não sei como mas chegamos no hotel. E o argentino veio junto! Queria dormir no nosso quarto. O Miquel enxotou ele e daí ele foi lá chorar as pitangas para dormir com o Jason e a Mischa. E o inglês bêbado também. E conseguiram! O argentino dormiu com a Mischa e o inglês com o Jason. Que deve ter gostado porque é gay e o inglês era um cara bonito. O que aconteceu lá eu não sei, estava ocupado devolvendo o rum na privada.
Mímica para comprar remédio para ressaca
Dia seguinte acordei com uma ressaca braba. O pessoal foi pedalar, visitar vínicola e eu fiquei é na cama. Lá para o meio dia acordei todo estragado e precisava de tomar alguma coisa para dor de cabeça que tava me matando. No hotel não tinha nada mas me falaram de uma farmácia por ali. Até encontrei a farmácia mas quem disse que o atendente entendia inglês. Fiquei imaginando se comprar remédio em Myanmar com mímica era boa idéia.
Felizmente o remédio tinha o princípio ativo escrito em inglês e pude tomar o remédio sem medo de ter uma convulsão. Ainda saí para tomar uma sopinha de leve porque o estômago tava reclamando.
Não teve jeito e fiquei de molho o dia inteiro. Só a noite que saí com a galera de novo para jantar.
Rodando de bike
Dia seguinte tava zerado e decidi fazer o rolê de bike. Aluguei uma magrela e caí no mundo. Inle Lake é ótima para circular de bicicleta. É plana, com belas paisagens e bons lugares para visitar.
Atravessei uma ponte e fui até o outro lado do canal que atravessa Nyaung Shwe. Voltei e fui até um o Monastério Shwe Yan Pyay secular feito de madeira.
Ali perto vi uma movimentação. Um monte de gente aglomerada e um carro fúnebre. Muitos monges e uma multidão cercando o carro. Vou lá espiar o que é. Tento conversar com as pessoas mas ninguém fala inglês. Tinha um chinês que falava inglês mas também não sabia o que estava acontecendo. Daí que entendo tudo.
Era uma cremação de um monge. Colocaram o corpo numa pilha de madeira e atearam fogo. No meio da rua. Não sabia que budistas tinham esse tipo de ritual. Vi isso em Varanasi com os hindus mas queimar o corpo de um monge no meio da rua eu desconhecia.
De lá fui almoçar perto do mercado da cidade e acabei encontrando a Renske e o Jason num restaurante o Kaung Kaung. Comi o melhor Shan Noodles da minha vida. É um prato chinês, basicamente macarrão com um caldo e um molho extremamente saboroso. Era tão bom que pedi outro igual em seguida.
Continuei com o rolê e fui até o vinhedo Red Mountain Estate conhecido na região. Ali ainda encontrei um chinês que também estava de bike e fomos juntos até a ponte Maing Touk.
Uma ponte de madeira bem longa que leva até uma pequenina vila em palafitas. Estava já quase com o sol se pondo e eu estava bem longe do hotel. Vi com um barqueiro que fica por ali quanto sairia para me levar até Nyaung Shwe e ele pediu o olho da cara. Não aceitei e o jeito foi voltar o mais rápido possível pela estrada antes que escurecesse pois não queria andar naquela estrada sem iluminação no escuro.
Á noite ainda fomos todos num restaurante de um francês residente em Inle assistir um filme feito por ele.
Foram dias bem divertidos em Inle Lake um lugar perfeito para relaxar, curtir a natureza e porque não encher a cara.