Hong Kong – Chinesa e ocidental
Hong Kong é chinesa. Era, deixou de ser e voltou a ser. Na verdade nunca deixou de ser, só foi controlada pelos ingleses por 150 anos de 1842 a 1997. E isso fez toda a diferença. Enquanto a China Comunista se afundou no atraso com as políticas de Mao, Hong Kong seguiu na toada britânica o que acabou com ela sendo uma ponte entre ocidente e oriente.
Mesmo durante a colonização britânica Hong Kong sempre gozou de autonomia e no acordo de devolução para os chineses era obrigatório que isso fosse mantido. Assim Hong Kong hoje é uma das regiões autônomas da China junto com Macau e possui até moeda própria. Sendo um grande centro financeiro, uma região altamente povoada e com alto PIB per capita, quem visita a China depois de Hong Kong como eu fiz, dá para dizer que essa cidade serviu de inspiração para a China continental. Uma China do futuro no presente. Especialmente se visitada uns 15 anos atrás, antes do boom chinês.
Confesso que o maior motivo da minha ida a Hong Kong foi para retirar o visto chinês. É bem menos burocrático retirar em Hong Kong que no Brasil. Você pode ir direto ao consulado ou como eu fiz procurar uma agência que cobra uma pequena taxa e resolve tudo para você. Sem filas, sem problemas de língua, dinheiro na mão e carimbo no passaporte.
Mas Hong Kong me surpreendeu. Conforme se caminha pela cidade você percebe que não é uma cidade de grandes atrações, apesar de que os pontos mais famosos são lindos. Por ser um dos lugares de maior adensamento populacional do mundo, os tesouros dela estão espremidos em alguma esquina, em uma lojinha, um beco. E isso não se encontra em parcos dias. Mas você consegue uma idéia da riqueza disso tudo.
O público de Hong Kong também é diferente. No hostel que fiquei eu era o único que estava somente a turismo. Todos os outros estavam a trabalho. E diferente de Singapura que está se esforçando para atrair mais e mais turistas, Hong Kong tem seus atrativos mas não parece que o turismo seja uma prioridade. A cidade tem sua vida independente de seus visitantes e não tá muito preocupada com eles, aparentemente. E até que isso é bom. Eu prefiro lugares assim.
Fiquei perto do centro de Hong Kong, em Causeway Bay e fui de trem do aeroporto até o metrô e de lá até o hostel. E quando saí do metrô para a rua foi sensacional. Foi aquele choque de cores de neon. Os Chineses adoram esses painéis coloridos. E eu adorei todo aquele exagero.
No dia seguinte fui direto a agência para tirar o visto e depois dei um rolê pela cidade. E isso que Hong Kong tem de legal. Uma metrópole onde cada um encontra um cantinho. Um restaurante para comer o delicioso dim sum. Uma loja de chá. Até loja com utensílios de cozinha acaba sendo interessante. São coisas que você esbarra pelo caminho e te atraem pela curiosidade. Quando vi já tava perto do show de luzes.
Symphony of Lights
Todo dia as 20 horas os imensos arranha-céus da orla fazem um show de luzes e música, o Symphony of Lights. Você pode apreciá-los na ilha ou atravessar para Kowloon que tem uma vista panorâmica. Nesse dia eu já não tinha tempo e vi perto dos prédios na ilha, no cantinho próximo a roda gigante e é bem doido. No dia seguinte fui até Kowloon para ver o espetáculo completo e tem até uma música sincronizada com as luzes dos prédios. Claro que eu preferi ir de Ferry boat para apreciar o passeio pela Vistoria Harbour.
Centro Cultural Hong Kong
Esse dia que fui até Kowloon, passei pelo centro cultural de Hong Kong, o lugar é bonito e tem várias exposições. Acabei me interessando por um espetáculo de dança e voltei lá no outro dia para assistir. Opus é um espetáculo da companhia australiana Circa que mistura música, dança, elementos acrobáticos e achei sensacional.
Central Mid Level Escalators
Nunca imaginei que escadas rolantes seriam uma atração numa cidade. Só que em Hong Kong é. Claro que não é uma escada rolante, na verdade é um conjunto de escadas rolantes que vão do centro até a base do Victoria Peak. Uma forma de ajudar a vida de quem subia esse morro todos os dias. Esse conjunto forma a maior escada rolante do mundo. Se tiver no centro não custa passar por ali.
Isso é parte de um conceito na cidade que é cheia de passarelas para tudo quanto é lado. Elas ligam regiões inteiras da cidade, complexos de escritórios a outros complexos, passando por cima de avenidas, por dentro de prédios, shoppings e todas cobertas. Achei sensacional a forma como o pedestre foi valorizado e respeitado. Peguei um dia chuvoso e deu para caminhar muito tranquilão.
The Peak
Um dos maiores pontos turísticos da cidade e com razão. Hong Kong é cercada de montanhas e esse ponto é perfeito para apreciar Victoria Harbour com vista para os prédios na ilha e em Kowloon. Fui de bondinho (dá para ir a pé também) e lembra muito a ida para o Cristo no Rio. Lá tem dois mirantes o Lions Pavillion e o SkyTerrace. O Lions é na faixa, o Sky pago e a vista é a mesma. Então você já sabe em qual eu fui.
Como toda grande metrópole passar apenas alguns dias só te dá uma imagem do lugar. É preciso passar uma temporada nessa cidade para conhecê-la realmente.
Encontrar aquele lugarzinho para chamar de seu. O restaurante favorito. O barzinho para reunir os amigos. Aquele lugar com uma vista incrível para levar a namorada. Fui embora de Hong Kong com gostinho de quero mais e com certeza vou voltar.