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Bagan – mar de templos

A inacreditável Bagan. Depois de nossa visita a Loikaw para conhecer as mulheres girafa partimos para um dos lugares mais sensacionais que conheci na minha vida. Bagan.

Nessa cidade no meio de Myanmar ficam mais de dois mil templos, com mais de mil anos de existência, espalhados por uma região enorme.

A paisagem de Bagan

Entre os séculos IX e XIII Bagan era a capital do Reino de Pagan e foi durante esse período abastado que os templos foram feitos. Por terem sido construídos durante séculos além da grande quantidade também é notável a grande variedade arquitetônica passando por vários estilos diferentes.

A paisagem nesse lugar impressiona. Quando se sobe no topo de algum dos templos a visão que se tem é de um paliteiro de pagodas em meio a mata. E dentro de cada um, religiosamente repousa ao menos uma estátua de Buda.

Bagan Myanmar
Milhares de templos em meio a mata. Lugar único

Para chegar até lá cometemos um erro enorme. Pegamos uma van noturna. Foram 12 horas de tortura chacoalhando dentro de uma van com a suspensão quebrada pelas estradas esburacadas. Pior viagem da minha vida.

Sulamani Bagan
O belo templo Hti lo min lo.
Bagan Myanmar
Além de explorar toda a região ainda tem muito o que explorar dentro dos templos. Mesmo os menores tem várias salas e escadas que levam ao topo. Olha eu aí dentro do Hti lo min lo!

Bagan é dividida entre a Nova, a Velha e Nyaung U. A velha é totalmente turística, retiraram os verdadeiros moradores para construir resorts e hotéis de luxo. Na nova é para onde levaram os antigos moradores mas também tem muitos hotéis. Nyaung U é mais como a verdadeira Bagan onde a população vive. Ficamos em Nyaung U que foi onde a van nos deixou. Não tínhamos reserva e o motorista nos deixou em frente a um hotel perto do mercado que no final era um bom lugar.

Para explorar os templos tem várias opções: táxi, carroça, bicicleta e bicicleta elétrica. Como o lugar é enorme e as ruas são de terra todo mundo acaba alugando uma bike elétrica. E com certeza é o melhor. Passar o dia rodando com essas bicicletas de um templo para outro é diversão garantida sem se cansar.

Bagan Myanmar
A magrelinha elétrica em frente a outro templo histórico

Os incríveis templos de Bagan

Os templos são muito diferentes entre si. Tem desde verdadeiras catedrais, com verdadeiros mercados em volta, como os templos de Ananda, Hti lo min lo, Dham may ang yi, Shwesandaw Pagoda, Sulamani, Thatbyinnyu até minúsculas pagodas onde cabe apenas um solitário Buda dentro. Mas o verdadeiro prazer é explorar toda a região e descobrir um templo único entre os milhares.

Dhama Ya Zika Pagoda
Dhama Ya Zika Pagoda
Dhama Ya Zika Pagoda
Como agulhas espetando o céu na Dhama Ya Zika Pagoda
Dhammayan Gyi
Um dos maiores de Bagan o Dhammayan Gyi
Templo Ananda Bagan
Templo Ananda. É muito utilizado e um verdadeiro complexo. Perto dele fica um mercado grande onde vendem de tudo.
Ananda Templo
Os quatro Budas folheados a ouro que ficam em cada entrada no templo Ananda

A Mischa e o Jason ficaram na Nova Bagan. Nós fomos antes deles e passamos o primeiro dia explorando os templos. Em Bagan é preciso pagar um ingresso para entrar na cidade. Não sei se foi porque chegamos de madrugada ou de van o fato é que ninguém cobrou isso da gente. Eles pedem esse ingresso aleatoriamente na entrada de alguns templos. Como não tínhamos o ingresso e nem sei onde comprava, demos um migué e saímos rodando assim mesmo.

Bagan Myanmar
Rodando por entre as ruas de terra você se depara com um templo perdido no tempo e espaço como esse e se sente um verdadeiro Indiana Jones

Subir no topo do primeiro templo e contemplar aquela imensidão de templos a perder de vista é fantástico. Os grandes templos são incríveis mas o que mais gostei foram os médios. Esse belos templos nunca foram restaurados e em geral ficam vazios. Você tem liberdade total de explorá-los, subir no seu topo, sozinho, tranquilo, no seu tempo e apreciar a paisagem. Maravilhoso.

Bagan Myanmar
Templos a perder de vista

Com as bikes elétricas é muito divertido sair caçando um templo atrás do outro, descobrindo o seu preferido, encontrando outro ainda mais bonito, com uma melhor visão, com uma estátua mais elaborada dentro. De vez em quando ao chegar no templo tem algum vendedor lá caçando assunto, geralmente bem simpáticos.

Templo Gawdawpalin
Templo Gawdawpalin se destaca ao fundo entre tantos outros

Quando deu fome paramos no meio do nada onde tinha uma barraquinha e almoçamos. Ao invés de fazer como todo mundo e ir para o maior templo e ficar brigando para achar um bom lugar fomos até um desses templos abandonados apreciar o pôr do sol.

Salada de folha de chá verde
Uma deliciosa salada de folhas de chá verde com muito amendoim

Na volta já escurecendo, deu merda! A bateria da bike começou a acabar. O problema é que nenhum dos dois tinha um chip, não dava para ligar para ninguém e estávamos no meio da estrada, no meio do nada. Apagamos a lanterna para economizar energia, demos umas pedaladas para carregar um pouquinho a bateria até chegar a rua principal que sabíamos era uma grande descida. Já tava tão escuro que acabei usando meu celular para iluminar a estrada. Mas no fim deu certo e chegamos lá.

Dia seguinte fomos encontrar a Mischa e o Jason que tinham chegado. Almoçamos com eles e ainda rodamos por mais templos pois sempre é possível se surpreender. E não é que a bike foi acabando a bateria de novo?

Só que dessa vez não ia ter jeito, estávamos muito longe e decidimos ir para a Nova Bagan onde dava pra pedir ajuda a alguém. Numa barraca que aluga bikes explicamos que ficamos sem bateria e o cara foi muito gentil e ligou para a loja que alugamos que veio e trouxe baterias carregadas pra gente poder voltar.

Caminhão Myanmar
Caminhão altamente tecnológico de Myanmar

Gangue de cegos

À noite ainda combinamos com o Jason e a Mischa de ver o nascer do sol e os balões na manhã seguinte. Acordamos 5 da manhã alugamos só uma bike mais potente com garupa e mais autonomia.

No horário combinado estávamos no ponto da estrada que combinamos com os dois. Daí do nada aparece uma menina sozinha perguntando se íamos ver o nascer do sol, se sabíamos um lugar bom. Isso acontece muito porque apesar de ter muitos templos, as pessoas vão para os mesmos e ficam muito cheios.

Bagan Myanmar
Até pagodas que lembram pirâmides você encontra em Bagan

Como já tínhamos rodado praticamente tudo ali, já tínhamos na cabeça um perfeito. Claro que a menina podia ir com a gente. Dali que chega o Jason e a Mischa e a gente vai atrás do templo. E no meio do caminho aparece outras pessoas perdidas que começam a seguir a gente. Daí já virou uma gangue de bikes com umas 10 atrás de nós.

E o pior é que naquele escuro a gente não tava achando o templo. Eu tava mais perdido que cego em tiroteio. Virou até uma responsabilidade com os outros. Ainda bem que o Miquel depois de dar umas voltas meio perdido achou o caminho mesmo no escuro e chegamos no templo perfeito. Uma boa altura, visão ótima e completamente vazio.

E como foi? Infelizmente o dia estava totalmente nublado mas pelo menos conseguimos ter uma ótima visão dos balões. Mas a aventura valeu muito.

Bagan
Rodando no escuro feito louco e nascer do sol que é bom nada. Mas deu para pegar os balões colrindo o céu
Quanto mais gente melhor. Miquel, Jason, Mischa e Jorge Cruney

Uma coisa engraçada é que não tínhamos o ingresso certo? Já estávamos no último dia, no fim da tarde e queríamos ver outro pôr do sol. Decidimos ir ao templo de Shwesandaw Pagoda, quando estávamos entrando vimos um guardinha. Opa! Com a cara de pau de um Carlitos em filme mudo, demos aquela disfarçada marota, meia volta e sebo nas canelas. Eu que não ia pagar 20 dólares na última tarde só para ver um pôr do sol onde todo mundo ia.

Achamos outro templo ótimo vimos o pôr do sol e eu fiquei com o sentimento de que é preciso voltar.

Bagan Myanmar
Um lugar perfeito para apreciar um pôr do sol

Bagan é um desses lugares absolutamente únicos no mundo e uma visita só é pouco.

*Infelizmente um terremoto em agosto de 2016 causou danos em muitos dos históricos templos em Bagan. Após isso se seguiu um delicado debate de uma possível restauração ou não pois nos anos 1990 os militares fizeram uma série de restaurações consideradas inadequadas e que ruíram no último terremoto. Ainda assim visitar Bagan é espetacular.

Chinlone
Pessoal praticando o Sepak Takraw, esporte nacional parecido com o futevôlei só que jogado com uma bola feita de bambu que existe a “apenas” 500 anos